O mau humor tomou conta dos ativos brasileiros nesta sexta-feira, sobretudo do mercado acionário, e nem mesmo novo recorde de fechamento do índice S&P 500 em NY conseguiu evitar a deterioração. O movimento ocorreu em reação a um novo trecho de reforma tributária enviada pelo governo ao Congresso. Isso porque enquanto a proposta prevê tributação de 20% sobre lucros e dividendos de uma só vez, a redução do imposto de renda pago pelas empresas será feita em fases, com corte da alíquota geral de 15% para, primeiro, 12,5% e, depois, 10%. A percepção generalizada foi de aumento de carga tributária para a pessoa jurídica no curto prazo para, diante da falta de recursos no orçamento, bancar a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda para pessoa física para até R$ 2,5 mil. Como resultado, o Ibovespa perdeu 1,74%, para 127.255,61 pontos, no maior recuo desde a sessão de 12 de maio. Além disso, encerrou com perda semanal de 0,90%, reduzindo o avanço mensal para 0,82%. E como uma parte dos recursos aplicados em Bolsa é de estrangeiros, o real também sofreu com a novidade. Além disso, em meio às preocupações com o risco político, em dia de depoimento na CPI da Covid sobre as denúncias de superfaturamento na proposta aquisição da vacina indiana Covaxin pelo governo Jair Bolsonaro, os investidores aproveitaram para corrigir um pouco do movimento recente do câmbio. Pela manhã, com o noticiário externo favorável, o dólar chegou a ceder para abaixo de R$ 4,90, mas sucumbiu à piora do cenário brasileiro, até terminar com valorização de 0,67%, a R$ 4,9377 no mercado à vista. Na semana, ainda houve baixa de 2,58%. Os juros futuros resistiram o quanto foi possível, mas com a moeda americana renovando máximas e a Bolsa, mínimas, também pioraram na reta final de negócios. Enquanto as taxas curtas ainda conseguiram manter pequeno viés de baixa, as longas subiram, resultando em algum ganho de inclinação para a curva, em dia de IPCA-15 mais ou menos em linha com o esperado. Na semana, contudo, diante da comunicação mais hawkish do Banco Central, a curva a termo teve importante desinclinação. Em Wall Street, a perspectiva de mais gastos em infraestrutura nos Estados Unidos, além de um dado de inflação em linha dar suporte à expectativa de gradualismo por parte do Fed, garantiu novo dia de ganhos às bolsas em sua maioria e máxima histórica para o S&P 500.
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