POSSÍVEL SELIC MAIOR EM DIA DE FED DOVISH PÕE DÓLAR EM R$ 4,96, MENOR NÍVEL EM 1 ANO

Blog, Cenário
Se o tom mais hawkish do Banco Central, na ata da última reunião do Copom, já sugeria um quadro favorável para o real logo pela manhã, na segunda metade do dia o movimento ganhou impulso com declarações do presidente do Fed, Jerome Powell. Ele sugeriu que a política acomodatícia deve persistir por mais tempo nos EUA e, em um dia de anúncios de captações externas e locais envolvendo XP, Banco Inter e EcoRodovias, o que indica a possibilidade de novos fluxos de recursos ao Brasil, o dólar terminou abaixo de R$ 5 e no menor nível em mais de um ano frente à moeda nacional. Após renovar mínimas sequenciais na reta final dos negócios, a moeda americana no mercado à vista fechou com desvalorização de 1,13%, a R$ 4,9661. O câmbio contribuiu para desinclinar ainda mais a curva de juros, na medida em que ajudou os vencimentos longos a não se distanciarem dos ajustes, enquanto as taxas curtas experimentaram forte acúmulo de prêmios após a ata do Copom. Lá, a autoridade monetária admitiu que já avaliou, na última reunião, um aumento maior da Selic, voltou a dizer que não descarta acelerar o passo em agosto e afirmou que as projeções para o PIB contidas na pesquisa Focus estão acima do considerado em seu cenário-base. Tudo isso posto, houve uma série de revisões em alta para a taxa de juros no fim do ciclo e o mercado de DI passou a ficar dividido entre um aperto de 1 ponto porcentual (60% de chance) e de 1,25 ponto (40% de chance), eliminando qualquer resquício de aposta em novo ajuste de 0,75 ponto da Selic. Até porque, o quadro inflacionário se mostra cada dia mais desafiador em meio à crise hídrica, a ponto de diretores e técnicos do BC já estarem levantando cenários sobre o impacto que os problemas do setor elétrico terá sobre a inflação e a economia neste ano e em 2022. A perspectiva de juro maior e algum soluço econômico diante das restrições energéticas colocaram o Ibovespa na contramão dos pares em Nova York, onde o tom dovish do Fed sustentou o otimismo e levou o Nasdaq a renovar recorde histórico. Aqui, contudo, além do aumento da atratividade da renda fixa em detrimento da variável, os agentes também aproveitaram a aprovação da MP que permite a privatização da Eletrobras para realizar lucros, o que gerou recuo de 0,38% para o principal índice acionário da B3, aos 128.767,45 pontos.
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CÂMBIO O dólar firmou queda ante o real nos negócios da tarde, testando os menores níveis em um ano, na casa dos R$ 4,96. Foi a primeira vez que a moeda americana encerrou um pregão abaixo de R$ 5,00 desde 10 de junho de 2020, quando terminou em R$ 4,93. Uma confluência de fatores externos e internos ajudaram a retirar pressão do câmbio. Internamente, a sinalização na ata do Copom de que o ritmo de elevação da Selic já poderia ter se intensificado na reunião da semana passada levou instituições - como o Itaú, o Bank of America e o ASA Investments - a aumentarem a aposta de juros mais altos pela frente no Brasil, o que torna o País mais atrativos para o capital externo. Lá fora, a moeda americana intensificou à tarde o ritmo de queda ante moedas fortes e alguns emergentes, com os juros longos também passando a recuar. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em depoimento no Congresso descartou alta de juros "preventiva" e afirmou que os fatores que pressionam a inflação perderão fôlego e o quadro deve se normalizar, sinalizando que não há pressa para elevar os juros. Operadores observaram ingresso de capital no Brasil e vendas da moeda antecipando fluxo futuro, em meio a captações de empresas e busca de retorno por investidores. A XP deve fechar sua primeira emissão externa de títulos de dívida na quinta-feira (24). O Banco Inter precifica sua oferta de ações, que pode bater em R$ 5,5 bilhões, também na quinta, enquanto a EcoRodovias define na tarde de hoje sua captação na B3, que pode chegar a R$ 2,2 bilhões. Estrangeiros tendem a participar com 30% a 40% destes montantes. No fechamento, o dólar terminou a terça-feira em baixa de 1,13%, cotado em R$ 4,9661. No mercado futuro, o dólar para julho, que vence no próximo dia 1º, cedia 0,87%, a R$ 4,9740 às 17h. O giro de negócios ficou acima da média recente e superou os US$ 15 bilhões. A analista de moedas do alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger, ressalta que o real vêm sendo a moeda de emergente com melhor desempenho recente no mercado internacional, conseguindo se beneficiar da abordagem mais dura do Banco Central na elevação de juros. E hoje não foi diferente, com a ata reforçando a aposta de mais altas pela frente. Após a divulgação do documento, o Bank of America elevou a projeção da Selic de 6,5% para 7,0% para o fim de 2021. O banco americano espera duas elevações da taxa em 1 ponto porcentual, em agosto e setembro. Nos negócios da manhã, havia um clima de maior cautela nos mercados internacionais e o DXY, que mede o dólar ante divisas fortes, subia, superando o nível de 92 pontos, nas máximas em algumas semanas ou meses ante moedas como o dólar canadense, ressalta o analista sênior de mercados do Western Union, Joe Manimbo. O bitcoin chegou a despencar 12% e os juros longos americanos tiveram altas. À tarde, este movimento se inverteu, o bitcoin passou a subir e os juros longos começaram a recuar, o que abriu espaço para o dólar cair abaixo de R$ 5,00. Após um reforço importante de posições contra o real no mercado futuro da B3 na sexta-feira, dia de estresse no mercado internacional por causa de declarações do Fed, este movimento se reverteu parcialmente ontem e prosseguiu hoje, de acordo com operadores. Estrangeiros reduziram posições compradas (que ganham com a valorização do dólar) em 17.565 contratos ontem, ou US$ 879 milhões. Já os fundos aumentaram posições vendidas (que apostam na queda do dólar) em US$ 725 milhões. Os dados são da B3 monitorados diariamente pela Renascença. (Altamiro Silva Junior - [email protected]) JUROS Os ajustes à mensagem da ata do Copom seguiram como protagonistas no mercado de juros na etapa vespertina. As taxas curtas subiram bem mais do que as longas e a curva perdeu inclinação. Na leitura dos agentes, o texto mostrou que os diretores farão o que for necessário para recolocar as expectativas de inflação na meta para 2022, já tendo sido discutida a possibilidade de uma ação mais firme na Selic neste encontro de junho - leia-se aumento de 1 ponto porcentual. O recado do colegiado não só consolidou na curva a expectativa de um aperto desta magnitude no Copom de agosto, como também lançou apostas mais agressivas, de 1,25 ponto porcentual. Cresceu a percepção de que o Banco Central, para atingir seu objetivo, tenha de levar a taxa básica para além do patamar neutro, risco que já estava de certa forma mapeado no comunicado, mas ganhou força com o documento. Como era de se esperar, o ajuste à ata impulsionou o volume negociado na ponta curta, com o vencimento de janeiro de 2022 movimentando mais de 1 milhão, contra média diária de 523 mil nos últimos 30 dias. A taxa ficou em 5,735%, de 5,591% ontem. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 7,118% para 7,27% e a do DI para janeiro de 2025, de 8,195% para 8,23%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 8,67%, de 8,643%. O comunicado já havia sido considerado hawkish, mas a ata, na avaliação dos players, foi além. "Frente à revisão da trajetória de política monetária implícita nas suas projeções, o Comitê avaliou uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários já nesta reunião", descreveram os membros do Copom. A opção pela alta de 0,75 ponto, levando a Selic para 4,25%, foi considerada a mais adequada, no aguardo de mais informações sobre os determinantes da inflação, como a evolução dos preços mais inerciais e o comportamento das expectativas de inflação, tanto da pesquisa Focus quanto o implícito nos preços de mercado, segundo o texto. Na opinião do estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, enquanto o comunicado sinalizava uma "redução mais tempestiva" dos estímulos em caso de deterioração das expectativas, a ata sugere que isso pode acontecer caso não haja uma efetiva melhora. No Boletim Focus divulgado ontem, a mediana das previsões para 2022 continuou em 3,78%, mas isso pode não ser o suficiente para evitar que o BC acelere o passo. "Acho que não elevaram já em junho por uma questão de comunicação. Talvez queriam preparar antes o espírito do mercado, mas vejo o BC muito preocupado com as expectativas, mesmo estando a sua própria na meta para 2022", afirmou. Na curva, a precificação dos DIs nesta tarde era de 110 pontos-base de aumento na Selic no Copom de agosto, ou seja, 60% de probabilidade de avanço de 1 ponto e 40% de chance de aperto de 1,25 ponto. Para o fim de 2021, a curva projetava Selic de 7,40% e para o fim de 2022, de 8,79%. Os cálculos são do Banco Mizuho. A ata provocou uma série de revisões nas estimativas de Selic para o fim de 2021 e 2022 também nos Departamentos Econômicos, algumas para além do chamado nível neutro de 6,5%, casos da Asa Investments e do BofA, que revisaram suas previsões de 6,5% para 7% no fim de 2021. O Banco Fibra elevou de 6% para 6,5% a projeção para 2021 e de 7% para 7,5% a de 2022. Mesmo com o câmbio mais comportado - hoje o dólar fechou abaixo de R$ 5 - e uma perspectiva melhor para a trajetória fiscal, o BC parece muito preocupado com o impacto da crise hídrica na inflação, embora não se descarte que esta seja positiva se um eventual racionamento de energia reduzir o ímpeto do consumo. Segundo apurou o Broadcast, diretores e técnicos da autoridade monetária estão levantando cenários sobre o impacto que os problemas do setor elétrico terão sobre a inflação e a economia neste ano e em 2022 (veja detalhes em matéria publicada às 15h15). Na gestão da dívida pública, o Tesouro fez hoje leilão de NTN-B, reduzindo drasticamente a oferta para apenas 150 mil papéis em três vencimentos, com risco (DV01) 95% menor do que na semana passada, vendida integralmente. Profissionais afirmam que tratou-se praticamente de um leilão "pró-forma". O estrategista de renda fixa da Necton, Fernando Cervi Ferez, vê a estratégia como uma opção do Tesouro e não uma questão de falta de demanda. "O lote veio pequeno num dia de ata que mexeu muito com os ativos e o mercado de papel vinha muito pesado, com alta volatilidade. Precisava mesmo de um alívio", avaliou. Isso, acrescentou, abre espaço para talvez colocar lotes maiores nos leilões da quinta-feira. (Denise Abarca - [email protected]) 17:30 Operação   Último CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 4.15 Capital de Giro (%a.a) 6.70 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 4.15 Over Selic (%a.a) 4.15 MERCADOS INTERNACIONAIS As bolsas de Nova York aceleraram os ganhos com o tom dovish de Jerome Powell na Câmara dos Representantes e fecharam o pregão em alta, com o Nasdaq na máxima histórica. Em audiência no Legislativo americano, o presidente do Federal Reserve disse que o BC dos EUA não elevará os juros de forma "preventiva". Ele também voltou a classificar o aumento dos preços como transitório e afirmou que a instituição esperará a inflação mais alta ocorrer "de fato" para promover um aperto da política monetária. No mercado cambial, o dólar firmou queda ante os pares, depois de ter oscilado durante a sessão, e os juros dos Treasuries também caíram. Apesar de beneficiado pela fraqueza da moeda americana, o petróleo fechou em baixa após relatos de que a Opep+ pode elevar a produção da commodity em agosto. Na visão de Powell, a recuperação econômica no pós-pandemia ainda tem um "longo caminho" pela frente. Após a virada hawkish do Fed na reunião da semana passada, quando a maioria dos dirigentes passou a prever alta de juros a partir de 2023, e não mais de 2024 em diante, o mercado tem ficado ainda mais atento a quaisquer sinais sobre o futuro da política monetária na maior economia do mundo. Dirigentes como Robert Kaplan (Dallas) e James Bullard (St. Louis) têm defendido que já é hora de debater a retirada de estímulos à economia, em contraste com o discurso de hoje do presidente da instituição. "Os comentários de Powell, no entanto, têm mais peso e vamos ouvir muito dele hoje durante o testemunho programado perante o Congresso", escreveram analistas da LPL Financial no começo da sessão. Antes da audiência na Câmara com Powell, o mercado acionário americano já vinha em alta. Em discurso divulgado ontem, o presidente do Fed havia reforçado o argumento de que a inflação é temporária. Hoje, com a confirmação da postura dovish, as bolsas de NY renovaram máximas intraday sucessivas e o Nasdaq fechou em nível recorde, com ganho de 0,79%, a 14.253,27 pontos. O Dow Jones, por sua vez, subiu 0,20%, a 33.945,58 pontos, e o S&P 500 avançou 0,51%, a 4.246,44 pontos. O dólar, que oscilou durante a sessão, renovou mínimas ante os principais pares durante a sessão legislativa com Powell. Perto do horário de fechamento em NY, o euro subia a US$ 1,1946 e a libra avançava a US$ 1,3955. O índice DXY, que mede a variação da moeda dos EUA contra seis rivais, caiu 0,16%, a 91,756 pontos. Na renda fixa houve pouco impacto das falas do presidente do Fed. Depois de um rali na esteira da reunião da semana passada do BC americano, os juros dos Treasuries têm operado com volatilidade. No final da tarde em NY, o rendimento da T-note de 2 anos caía a 0,230%, o da T-note de 10 anos recuava a 1,475% e o do T-bond de 30 anos cedia a 2,105%, quase estável. Durante grande parte da sessão, os retornos oscilaram e não mostraram sinal único. O petróleo, por sua vez, até foi beneficiado pelo câmbio no começo do dia. Mas a alta nos preços, que chegou a fazer o Brent atingir US$ 75 o barril, não durou. O impacto veio de relatos sobre um possível aumento da oferta da commodity em agosto pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para agosto recuou 0,37%, US$ 72,85 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês caiu 0,12%, a US$ 74,81 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Ainda no mercado acionário americano, a ação da GameStop subiu 10% após a empresa anunciar uma nova oferta de ações. Em reportagem publicada às 8h54 de Brasília, o Broadcast mostrou que a AMC Entertainment desbancou a varejista de videogames e assumiu o posto de "ação meme" favorita nas bolsas de Nova York. Essa escalada no preço de ações sem fundamento econômico aparente, a partir de movimentos nas redes sociais, tem sido chamada de "meme mania".(Iander Porcella - [email protected]) BOLSA Em dia majoritariamente negativo para as ações de varejo e bancos, e com leve realização de lucros em Eletrobras (ON -1,03%, PNB -0,15%) após a passagem pelo Congresso da MP sobre a privatização, o Ibovespa não conseguiu acompanhar o dólar abaixo de R$ 5 e a sessão positiva em Nova York, ambos reagindo a novos comentários, 'dovish', de autoridades do Federal Reserve sobre a orientação da política monetária nos Estados Unidos. Ainda assim, o índice da B3 conseguiu moderar as perdas a 0,38%, aos 128.767,45 pontos no fechamento, entre mínima de 127.802,73 e máxima de 129.258,72 pontos, com giro a R$ 37,6 bilhões. Na semana, o Ibovespa avança 0,28%, com ganho no mês a 2,02% e a 8,19% no ano. Na mínima da sessão a R$ 4,9636, a moeda americana refletiu não apenas o ajuste externo, com foco no Fed, mas também a ata do Copom, considerada por boa parte do mercado como mais 'hawkish' do que o comunicado da semana passada sobre a decisão de política monetária do BC brasileiro, o que contribui para reforçar o fluxo externo, assim como captações sinalizadas por empresas. No fechamento, a moeda à vista mostrava queda de 1,13%, a R$ 4,9661. "A combinação de hoje - dólar abaixo dos famigerados R$ 5 e Bolsa em queda - é incomum, mas acredito que se deva em grande parte, hoje, à ata do Copom, onde se fala de uma inflação mais persistente, o que faz com que a expectativa de juros também suba", diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos. Em outro desdobramento doméstico, que contribuiu para moderar o apetite por ações na B3, diretores e técnicos do Banco Central estão levantando cenários sobre o impacto que os problemas do setor elétrico terão sobre a inflação e a economia neste ano e em 2022, reporta a jornalista Anne Warth, da Agência Estado em Brasília. As análises da instituição tentam estimar quanto o reajuste da bandeira vermelha em seu segundo patamar, bem como seu acionamento durante todo o ano, pressionará os índices de preços ao consumidor em 2021 e que reflexos deixará para 2022, período para o qual a política monetária já está sendo direcionada. Na outra ponta, o BC também avalia se a necessidade de um racionamento para evitar um apagão pode aliviar a inflação e conter o crescimento. Ambas as possibilidades são levadas em conta para definir o rumo da taxa básica de juros, segundo apurou o Broadcast. "Desde a manhã, o Ibovespa brigou para se sustentar na casa dos 128 mil pontos, com o movimento comprador no setor de siderurgia e mineração, ensaiando recuperação após queda na semana passada, sendo insuficiente para levar o índice para cima. O Copom, na ata, chamou atenção para a possibilidade de viés mais 'hawkish', com aumento de juros mais agressivo, se houver descontrole inflacionário", diz Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, destacando a correção observada no setor de varejo, ante perspectiva de juros mais altos até o fim do ano. "A tendência é de a curva de juros subir mais, o que resulta em ajuste natural no Ibovespa a partir dos investidores institucionais - e, depois, os de varejo -, embora se mantenha a previsão de bancos internacionais para o índice acima de 140 mil pontos (no fechamento do ano)", diz Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora. "O Copom foi conservador na última reunião e precisará corrigir trajetória. Preços de commodities em alta, como o petróleo; extensão de auxílio emergencial, elevação de Bolsa Família, crise hídrica e bandeira vermelha 2 para os preços da energia elétrica, todos são fatores que resultam em mais pressão inflacionária", acrescenta o economista, que espera aumento de 1 ponto porcentual para a Selic em agosto, que já "poderia ter vindo na reunião passada." "Ontem o Ibovespa acompanhou Wall Street, refletindo o tom mais otimista, mais ameno, de membros dirigentes do Fed. Já se cobrava movimento mais duro do Fed há uns dois, três meses atrás, com sinais, desde o início do ano, de pressão sobre os preços ao produtor, que agora rebatem nos preços ao consumidor, quando se olha o CPI. Mas é preciso dar crédito ao Fed, com a avaliação dos efeitos transitórios sobre a inflação", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, chamando atenção para grau de tensão menor na curva de juros americana do que chegou a ser visto recentemente. "Fed está mais brando mesmo, o mercado entendeu", acrescenta. No Brasil, além do Copom, a cautela vista na Bolsa decorreu também de dificuldades, notadas de ontem para hoje, no cumprimento de um cronograma antecipado para a vacinação em massa em parte das capitais brasileiras. Além de São Paulo, Aracaju (Sergipe), Campo Grande (Mato Grosso do Sul), Florianópolis (Santa Catarina) e João Pessoa (Paraíba) suspenderam a aplicação da primeira dose da vacina contra a covid-19 nesta terça-feira, à espera de novos lotes. Lá fora, por outro lado, a presidente da distrital do Federal Reserve em Cleveland, Loretta Mester, disse hoje que a economia americana ainda não alcançou os requisitos da autoridade monetária para a redução de estímulos, o chamado "tapering". Segundo ela, apesar dos progressos recentes, "a pandemia ainda não acabou". A antecipação do discurso de Jerome Powell à Câmara, no fim da tarde de ontem, já contribuía para firmar percepção menos "hawkish" do mercado global quanto aos próximos passos do Federal Reserve, após comentários também moderados feitos no mesmo dia por autoridades do Fed, como John Williams (Nova York), Robert Kaplan (Dallas) e, principalmente, James Bullard (St. Louis), que havia acendido luz amarela na sexta-feira ao mencionar a proximidade do início de retirada de estímulos - na segunda-feira, Bullard voltou atrás. Além de Mester, John Williams também emitiu hoje outros sinais "dovish", assim como a presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, para quem também não é momento de retirar estímulos monetários, o que se refletiu em perda de força para o dólar ante a cesta de moedas de referência (índice DXY) ao longo desta terça-feira. No meio da tarde, em depoimento na Câmara dos Representantes, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a instituição pode garantir a busca por máximo emprego, ajudando a combater as desigualdades. "A crescente desigualdade de renda é um freio para a economia dos Estados Unidos", disse. Por outro lado, Powell apontou hoje que a "inflação atual é fruto de retomada forte na demanda com oferta ainda limitada". "Fatores que pressionam a inflação perderão fôlego e o quadro deve se normalizar", ressalvou o presidente do Federal Reserve. "É muito improvável que a alta na inflação seja ruim como na década de 1970", concluiu Powell. Nesta terça-feira, as ações de Petrobras (PN +0,52%, ON +0,10%) conseguiram reverter as perdas observadas mais cedo e fechar o dia no positivo, tirando pressão do Ibovespa, em dia majoritariamente negativo para as ações de bancos, com perdas de até 2,11% (BB ON). Vale ON fechou o dia em alta de 1,17%, enquanto as ações do setor de siderurgia perderam fôlego, sem sinal único no encerramento (CSN ON +1,12%, Gerdau PN - 0,23%). Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para TIM (-3,96%), Cielo (-3,09%) e CCR (-2,93%). No lado oposto, Pão de Açúcar subiu 2,90%, CVC, 2,45%, e Totvs, 2,42%. (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:27 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 128767.45 -0.38488 Máxima 129258.72 -0.00 Mínima 127802.73 -1.13 Volume (R$ Bilhões) 3.75B Volume (US$ Bilhões) 7.48B 17:30 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 129545 -0.27329 Máxima 129905 0.00 Mínima 128485 -1.09
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