A reação dos mercados ao comunicado que acompanhou a decisão do Copom, de elevar a Selic em 0,75 ponto porcentual, foi tão distinta quanto a interpretação que os analistas fizeram do texto. Houve quem achasse o comunicado mais dovish do que o previsto, diante do fato de o Banco Central ter mantido a ideia de "ajuste parcial" da política monetária e reduzido as projeções para a inflação de 2022, e também quem enxergasse uma posição mais hawkish, uma vez que o colegiado afirmou não ter "compromisso" com sua posição de não levar a Selic para o nível neutro. No caso do câmbio, os investidores se apegaram ao fato de o BC já ter contratado uma nova alta de 0,75 ponto da Selic, em junho, e à sinalização de que pode ser mais rigoroso, se necessário. Assim, em um dia de enfraquecimento global do dólar, a perspectiva de aumento de fluxo com o juro maior e a desmontagem de posições contra o real fizeram a moeda brasileira ter o melhor desempenho dentro de uma cesta de 34 pares. No fim, a divisa americana cedeu 1,62%, a R$ 5,2779, depois de testar mínima em R$ 5,25, no menor patamar desde janeiro. Na renda fixa, os DIs curtíssimos, que já indicavam apostas majoritárias em mais um aperto de 0,75 ponto da Selic, migraram definitivamente para essa possibilidade. Mas as taxas intermediárias e longas que chegaram a cair, alinhadas ao cenário considerado pelos investidores em câmbio, zeraram o movimento na reta final e terminaram em alta, diante das interpretações dúbias em relação ao Copom e à espera da ata desta decisão, na próxima semana. Enquanto isso, a Bolsa brasileira operou com leve queda em boa parte do dia, mas a aceleração de ganhos em Wall Street, que levou o Dow Jones a renovar o recorde histórico de fechamento, diante da oposição da chanceler alemã, Angela Merkel, à quebra de patentes de vacinas contra a covid-19, conseguiu trazer o Ibovespa para o positivo, com alta de 0,30%, aos 119.920,61 pontos. Além de Nova York, que também operou com fôlego contido e com alguma volatilidade enquanto os investidores esperam pelo relatório de empregos de abril dos EUA, que será divulgado amanhã, o desempenho da B3 contou com a ajuda de Vale, que subiu quase 4% após o preço do minério de ferro superar US$ 200 por tonelada, e de Ambev, que disparou cerca de 9% em meio a resultados financeiros melhores do que o previsto.
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